Fatos de uma dolorosa Paixão.
O evangelho desse domingo de Ramos (28/03/2021) fala sobre vários pontos importantes para o entendimento da Paixão de Jesus. Ele se inicia, falando da festa Judaica da Páscoa e dos Ázimos.
O pão de ázimo foi feito pelos israelitas antes da fuga do Antigo Egito, porem não houve tempo para esperar até a massa fermentar, por isso é conhecido como pão sem fermento. Isso nos remete ao pão eucarístico e prefigura Jesus em sua Paixão.
Esse pão, é comida obrigatória na festa do Pessach (páscoa judaica), que também se chama Hag ha-matzot, ou a festa dos pães ázimos.
Outro ponto a analisar é o vaso de perfume derramado em Jesus. Veja que alguns que ali estavam reclamaram o desperdício de perfume e que o valor de sua venda ajudaria os pobres. Porém, Jesus os exortou dizendo que era boa a ação daquela mulher.
Mais do que essa narrativa, aqui podemos entender um pouco do motivo pelas quais as Igrejas eram tão ornamentadas. Hoje muito se fala sobre a riqueza da Igreja. Do ouro e pedras preciosas empregadas em suas construções. Porém esta ideia de erro e desperdício é recente; as pessoas entendiam o valor de Deus e sabiam que era por amor que, para ele dava-se o melhor.
Ainda assim como Jesus bem disse:
"Pobres sempre tereis convosco e quando quiserdes podeis fazer-lhes o bem."
Por isso, os bens da Igreja, que são patrimônios de toda humanidade, porém não mina a nescessidade de se fazer caridade! Vale ressaltar que a Igreja Católica é a maior instituição de caridade do planeta.
Vemos também nesse evangelho que Judas entrega Jesus por algumas moedas.
Vale lembrar que Cristo, sendo Deus, tinha mérito infinito em qualquer de suas ações. Logo, até mesmo um simples pulsar de seu Coração já tinha mérito infinito, e era capaz de redimir os pecados do mundo. Ele quis morrer por nós para que compreendêssemos como Ele nos ama. Vendo a imensidão de seu sacrifício, compreendemos melhor a sua misericórdia e amor infinitos, por esse motivo ele se imola diariamente por nós.
Deus guiou os fatos sem anular a liberdade humana. Judas traiu livremente a Cristo. E Nosso Senhor tentou salvá-lo até o fim. Cristo chamou Judas de "amigo", procurando atraí-lo.
Já na ceia, Jesus realiza o milagre da transubstanciação dizendo. "Este é". Note, Jesus não diz que este parece ou representa, mas que é, do verbo ser.
Isso juntamente com uma análise mais aprofundada do evangelho de João 6 afirma que o pão servido realmente é o corpo de Jesus.
E mais tarde, ainda na época dos Apóstolos, alguns fiéis de Corinto viriam a confundir as coisas, pensando que o Santo Sacrifício da Missa seria uma simples cerimônia em memória da última ceia. Daí se entende a necessidade que S. Paulo teve de explicar a doutrina dizendo que “não é já a refeição do Senhor que celebrais”, Ou questinar: “Porventura não tendes vós casas, para lá comer e beber?”.
Fica claro, a ceia não é meramente um alimento qualquer. Mas muito mais rica de verdades e sentidos do que apenas um almoço de Domingo.
Após a ceia, Jesus rebate Pedro que disse ficar com Cristo mesmo que todos se fossem.
"Em verdade te digo, ainda hoje, esta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás." Mas Pedro repetiu com veemência: "Ainda que tenha de morrer contigo, eu não te negarei."
E todos diziam o mesmo.
Aqui vemos que como humanos que somos, mesmo as vezes com belas confiçoes de fé, nossas palavras muitas vezes não são suficientes diantes do que faremos de fato.
Em Mt 16 Pedro faz sua confição de fé dizendo, inspirado por Deus, quem é Jesus. Porém no fim da passagem, iluminado por sua própria convicção, Pedro afirma que não aconteceria o que Jesus acabara de dizer sobre sua Paixão e assim acaba repreendido duramente por Cristo.
Isso nos mostra que, quando os pensamentos são humanos, eles erram em não estarem em comunhão com Deus, com efeito, até mesmo o mais alto cargo é pacivel de cometer erros pois o homem é falho!
Ao negar Jesus, Pedro sente medo e assim falha. Isso não quer dizer que o cargo de Pedro não seja importante para o plano de Deus, mas que deve-se estar em comunhão com ele.
Já no Gatsemane Jesus sente uma grande tristeza e até mesmo pede a Deus. "Se possível afasta de mim este cálice." Aqui nota-se a natureza divina e humana de Jesus! (Veja, união hipostatica).
Neste momento Jesus estava sozinho rezando e tinha pedido a Pedro, Tiago e João que ficassem vigiando. Porém quando volta, encontra os discípulos dormindo. Aqui vemos mais uma vez a queda humana e então Jesus diz:
Vigiai e orai, para não cairdes em tentação! Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca."
Jesus volta a rezar e o evangelho especifica:
Jesus afastou-se de novo e rezou, repetindo as mesmas palavras.
Aqui vale ressaltar também que Jesus repetia as mesmas palavras! Repetir as mesmas palavras não significa jogar palavras ao vento. Até mesmo Jesus o fazia.
Após isso vemos uma série de acontecimentos que nos levam até a Cruz! De fato são muitos momentos então vamos nos atentar em alguns deles.
Jesus é entregue aos soldados e não resiste pois sabe o que deve ser feito!
Uma serie de erros humanos fazem de Jesus o homem que deveria morrer por inúmeras acusações! Das mais descabidas às mal interpretadas, como quando Jesus diz que iria reconstruir o Templo em três dias e entenderam de forma errada!
Pilatos, mesmo sabendo que Jesus fora acusado por inveja dos Sumos Sacerdotes e não vendo mal em Jesus, acaba por fazer a vontade do povo que preferia trocar a vida de Barrabás pela vida de Jesus.
Vemos aqui mais uma vez, como há uma intenção de ser políticamente correto, e sabemos nós como essa prática ainda nos dias de hoje é tão comum.
Após isso Jesus é flagelado, humilhado, e morto na Cruz que carregou até o Calvário. O calvário faz parte da cadeia de montes do Moriá, local onde Abraão foi abençoado por Melquisedeque e onde levou Isaac. Tudo isso prefigurava a entrega de Jesus por nós.
Na Cruz, após Jesus entregar seu espírito o evangelho nos relata algo muito importante:
"Estavam ali também algumas mulheres, que olhavam de longe; entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor e de Jose, e Salomé."
Isso me lembrou que muito se fala sobre os irmãos de Jesus, baseados nesta passagem:
"Porventura não é este o filho do oficial? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs não vivem elas todas entre nós? (Mateus, XIII-55 e 56).
Porém, S. Tiago Menor, que era irmão de Judas, era filho de ALFEU, logo, sendo Maria sempre virgem e sem pecado, não seria possível Tiago ser irmão de Jesus.
O evangelho segue e nos aponta José de Arimatéia que esperava o Reino de Deus e que não tinha concordado com o Sinédrio na condenação de Jesus (Lc. 23,51). Não teme expor-se e pede a Pilatos o corpo de Jesus. José sendo homem rico (Mt. 25,57), compra um lençol de linho e descendo o Senhor da Cruz e o envolve-o no lençol, leva Jesus até o túmulo onde Jesus não ficaria por muito tempo.
Podemos ver um evangelho onde Marcos nos relata muitos acontecimentos, cheios de sentidos e de relatos que nos mostram a grandiosidade do amor e da didática contida nos evangelhos que narram a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Aqui vimos alguns, porém a didática de Deus é imensa!
Vigiai e orai!
E se você vai tocar/cantar na missa deste Domingo de Ramos. Clique no link abaixo para conferir as nossas sugestões de músicas.
>> Sugestões de música para a missa do Domingo de Ramos da Paixão do Senhor
E também, se for cantar o salmo neste domingo, gravamos uma melodia que pode te ajudar, confira aqui:
>> Melodia para o SALMO 21 - MEU DEUS, MEU DEUS, POR QUE ME ABANDONASTES?
Bom domingo de Ramos!
Maikon Máximo.